Ganhos obtidos ao aplicar a Inteligência Sistêmica no processo de mediação.

Muitas vezes durante a mediação o processo “trava” e não sabemos muito bem explicar porque… Aquele acordo que parecia tão próximo na semana passada de repente se vê cada vez mais distante. Por mais que o mediador se diga que tudo bem, que não trabalha só para fechar o acordo, que a mediação é um processo em que as partes têm o poder de decisão e optar por não fazer o acordo é um direito delas, etc e etc….Também começa a se questionar: O que estará acontecendo? Será que fiz tudo o que estava a nosso alcance? Qual será o ponto que realmente está pegando?


 É claro que todo mediador tem uma série de “ferramentas” e estratégias das quais pode lançar mão nesses momentos, mas às vezes nada parece adiantar…


Essa é uma das situações em que a Inteligência Sistêmica tem muito a acrescentar no processo.


Mas afinal o que é essa tal de Inteligência Sistêmica?


Aqui usamos o termo Inteligência Sistêmica com o mesmo significado dado por Rubens Bresciane. Rubens é um estudioso do pensamento sistêmico e das constelações sistêmicas fenomenológicas e uniu os conceitos “inteligência” e “sistêmica” para expressar algo novo.


A palavra inteligência etimologicamente vem de INTELLIGERE, formada por INTER-: “entre” e LEGERE – que também significa “ler”, podendo assim ser compreendida como a capacidade de “ler entre”, ou seja, de fazer conexões, de estabelecer ou perceber a relação entre as partes.


Já sistêmica é algo que se refere ao sistemas, que por sua vez, podem ser definidos como conjuntos de elementos, concretos ou abstratos que estejam e organizados de alguma forma para determinado fim. O corpo humano é um sistema de órgãos, a família é um sistema social e assim por diante…


Valendo-se destes dois conceitos Rubens passou a usar o termo Inteligência Sistêmica para se referir à capacidade do ser humano de observar, ao mesmo tempo, a si mesmo e ao(s) sistema(s) em que está inserido, sabendo-se parte deles, compreendendo as conexões existentes e percebendo que como parte interfere no todo e também sofre interferências dele.


Todo o conhecimento proveniente do pensamento sistêmico e das constelações auxiliam no desenvolvimento desta Inteligência Sistêmica. Auxiliam, mas não são suficientes, pois como já vimos a inteligência não está no conhecimento em si, mas na capacidade de utilizar este conhecimento para estabelecer conexões e assim desenvolver uma compreensão própria. Desta forma aplicar a inteligência sistêmica à mediação é bem diferente do que “constelar” o conflito trazido pelo cliente.


A inteligência Sistêmica aplicada à mediação faz a interface entre a mediação, o pensamento sistêmico e as constelações sistêmicas. Ao aplicar a inteligência sistêmica à mediação, os três princípios sistêmicos descobertos por Bert Hellinger (o princípio da ordem, do vínculo e do pertencimento e o princípio do equilíbrio entre o receber e o dar), passam a ser tomados como norteadores de todo o processo da mediação.


A percepção das relações humanas (inclusive as existentes dentro do próprio processo de mediação) a partir da visão sistêmica fenomenológica, auxilia o mediador a trazer à tona as necessidades sistêmicas que não estão sendo atendidas e que podem ser a causa mais profunda do conflito. Digo a mais profunda, porque acontece com frequência desta causa ser desconhecida ou inconsciente para os próprios mediandos.


Por exemplo: é muito comum que um conflito se dê devido à repetição inconsciente de padrões familiares, outras vezes o conflito é a forma que o sistema encontrou de restabelecer o equilíbrio que se desfez no momento em que alguém ou alguma coisa foi excluída do contexto.


Ao utilizar a inteligência sistêmica o mediador ganha agilidade no processo, pois amplia o campo de investigação e ganha velocidade para estabelecer as conexões entre os fatores que podem estar atuando no conflito. Esta é uma nova forma de pensar e de ver o mundo que admite a percepção de que a causa e o efeito de uma determinada questão nem sempre estão intimamente relacionadas no tempo e no espaço. Isso traz uma exponencialidade considerável ao processo, e é algo totalmente impossível de se aceitar quando adotamos únicamente o pensamento que segue a lógica mecanicista como fonte confiável de informações.


A inteligência sistêmica traz à tona com grande rapidez informações sobre o conflito, que em outras circunstâncias poderiam continuar atuando de forma subliminar. Essas informações muitas vezes são a chave para o encaminhamento de uma solução sustentável.

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