Gestão da Subjetividade – Manifesto de Criação

O mundo corporativo valoriza a objetividade, com muita razão: a objetividade é quem gera o objeto, produto ou serviço. Sim, a objetividade traz rapidez, foco, performance, eficiência, resultados e por isso toda a teoria de administração está baseada em conceitos e aspectos objetivos.

A forma com que a Gestão Organizacional é realizada e ainda se baseia fortemente em teorias criadas no início do século XX. 

Taylor. quando publicou em 1911 “Os Princípios da Administração Científica”, propôs a utilização de métodos científicos como forma de aumentar a eficiência e eficácia operacional, independentemente da mão de obra utilizada (sem depender de quem eram seus empregados/colaboradores).

Anos depois, em 1916, Henri Fayol funda a teoria clássica da administração, distinguindo as funções essenciais para o funcionamento de uma empresa, enfatizando a estrutura organizacional e a busca pela máxima eficiência, e instaurando a ideia de autoridade, comando e controle.

Esses olhares sobre o negócio e sua forma de administração, ainda hoje, configuram e ditam o funcionamento e o ambiente da grande maioria das organizações, independente da sua grandeza.

Quanto menor a influência do empregado no processo de produção do produto, maior reprodutibilidade de resultados, maior qualidade dos produtos, melhores margens de lucro. Quanto maior o controle do processo produtivo e de suas variáveis, maior controle dos resultados obtidos, e consequentemente, maior previsibilidade de ganhos financeiros.

Nessa equação, não há espaço nem tempo para olhar para o colaborador (da organização) como indivíduo (e sujeito) dotado de sua própria subjetividade e criador de subjetividades coletivas, na medida em que interage com o outro.

Ao longo da história, nos habituamos com essa forma de trabalhar – que criou um novo comportamento para os indivíduos e um novo funcionamento para os coletivos – e passamos a excluir a subjetividade, supervalorizando a objetividade, como se essa, sozinha, desse conta de todos os desafios enfrentados pelas organizações. 

Atualmente, começamos a falar de cultura, propósito, missão, valores e ética abrindo espaço, mesmo que subliminarmente, para a subjetividade. Além disso, no meio de tanta objetividade, muitas vezes “travamos” em determinadas questões e aí precisamos recorrer a consultorias e processos de mentoring e coaching, e a ferramentas que tragam um novo olhar – mais subjetivo – para o dia-a-dia da organização.  Isso porque, conforme as conexões e interações se ampliam; conforme nos tornamos profissionais mais protagonistas, pró-ativos e autônomos; conforme saímos das linhas de produção – do trabalho mecanizado e repetitivo – para assumir nosso papel de seres criativos,  a subjetividade é escancarada!

Sim, nas organizações existe muita subjetividade, e essa subjetividade interfere nos processos e nos resultados a todo momento. Da subjetividade de cada colaborador, até a subjetividade coletiva. Por esse motivo, surgiram técnicas que olham a organização de um ponto de vista mais sistêmico, onde essa subjetividade pode ser incluída; encaminhando soluções de questões e conflitos. Mas, de modo geral, essas intervenções ainda são realizadas de maneira bem pontual, descoladas da rotina da organização.

Só que nesse mundo contemporâneo – volátil, incerto, complexo e ambíguo – quando atuamos dessa forma pontual, buscando objetivar resultados pragmáticos de curto prazo, deixamos de considerar as lógicas complexas, os paradoxos envolvidos, e seus efeitos sistêmicos de médio e longo prazo.

Nesse novo mundo, os personagens querem ser mais autores do que só atores, apresentando novas dinâmicas de relacionamentos, comportamentos e anseios; e a realidade das organizações e empresas se forma mais distribuída do que centralizada, exponencializando as interações humanas. Diante desse cenário, é necessária não só a aplicação de ferramentas que trabalhem o desenvolvimento pessoal dos colaboradores e equipes, como também desenvolver uma Gestão que perceba, inclua e pense a subjetividade, individual e coletiva, presente no ecossistema corporativo: A Gestão da Subjetividade.

A Gestão da Subjetividade dá atenção e cuida do que é subjetivo aos coletivos e aos indivíduos. É a gestão que cuida de si, como coletivo e organismo criado pelos humanos – as organizações. É, também, a gestão que cuida do ‘ser’ indivíduo e sujeito nessa organização – mantendo-o saudável, físico-psico e socialmente. Observa, inclui e dá lugar às subjetividades que escolheram se instalar e pertencer a esse organismo (a Organização)!

A Gestão da Subjetividade se ocupa dos movimentos que surgem na organização, não como controle, mas como maneira de dar valor e sentido para que eles se acomodem e, também, encontrem seu fluxo na práxis organizacional, preservando seus propósitos.

A Gestão da Subjetividade não é mais uma ‘caixinha’ (a ser acrescentada) no organograma organizacional. Ela está no entre, está nas relações, está em tudo o que é subliminar e não é visto, mas é percebido e sentido. Por isso, não precisa de uma sala ou área exclusiva. A Subjetividade está no ambiente; ela é o ambiente; é aí que deve estar a Gestão da Subjetividade. Ela é o conteúdo e o contorno de tudo e de todos. Ela é o que está conformado e permanentemente se conformando no espaço organizacional.

A Gestão da Subjetividade é responsabilidade de todos! Cada um enquanto aprende, olha para si, se cuida e se reconhece como sujeito dentro da organização tornando-se co-responsável. Cabe aos líderes e gestores fomentar, incentivar e reconhecer as subjetividades individuais e coletivas. Para isso, são necessárias habilidades como: presença (atenção), prontidão, percepção sistêmica e capacidade de resposta.

Finalmente, a Gestão da Subjetividade não precisa ser criada, ela já está, ela já é! Todos somos, bem ou mal, responsáveis por ela, querendo ou não. Tomar consciência disso e aprender as habilidades necessárias a essa nova gestão é o que se torna urgente! Ser capaz de atuar com essa consciência será o diferencial de sucesso das próximas décadas.

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